Sofro de insónias já há uns anos. Surgiram pela primeira vez durante a perda de alguém muito amado, a minha avó. Desde aí as minhas noites nunca mais foram as mesmas. A ferida que surgiu com a perda da pessoa que mais amava sarou, mas desde aí que, em momentos de grande stress ou ansiedade, passo noites seguidas a dormir 3 a 4h na melhor das hipóteses. Embora com poucas horas de sono no dia seguinte apresento-me fresca que nem uma alface, acordo com as pilhas todas carregadas, porque para quem não dorme 3 ou 4h de descanso sabem que nem ginjas. É verdade que demoro mais tempo a levantar-me, mas depois de alguma ronha de cerca de 20min pulo da cama a cantar, organizo o dia durante uma grande chuveirada e saio de casa como se tivesse tido o mais profundo dos sonos, aos pulos e cantarolar, quem nem uma criança no seu primeiro dia de aulas.
Passados 7 anos já convivo bem com as insónias, sei que se for para a cama com alguma preocupação, ou a matutar em alguma coisa que me deixou triste, a noite não será fácil. Até aqui tudo bem, sobrevivo, passo umas boas noites sem dormir, ao final da tarde já ando meio zombie mas, mais tarde ou mais cedo, tenho um dia em que apago por completo e consigo recuperar de alguma forma o sono perdido… mesmo que demore algumas semanas. O pior é quando a razão das minhas insónias passa por decisões, ou seja, quando tenho que tomar uma grande decisão, daquelas que pode mudar todo o meu trajecto de vida e das pessoas que me rodeiam. Cada vez gosto menos de tomar decisões, apetecia uma bola de cristal ou ficar sentada e deixar as coisas andarem, decidirem-se por elas mesmas, ou que a decisão de alguém force a minha. Acontece que há decisões que não posso chutar para ninguém e também não posso ficar à espera feita parva que venha uma luz iluminar qual o melhor caminho. O que me tira neste momento o sono é “digo ou não digo”? É que trago umas coisas engasgadas na garganta, na alma, no coração, na cabeça, enfim, em todo o meu ser e eu não sou rapariga para morrer engasgada.
Desde há uns tempos para cá que o que penso e sinto chega depressa à boca, às vezes até depressa de mais e depois percebem tudo ao contrário. E assim chego às 3h a.m e no lugar de estar a ter um soninho descansado, a ter sonhos coloridos etc. e tal, estou aqui a castigar-me com as perguntas: “digo ou não digo?”, “deixo as coisas andarem ou tomo uma atitude?”, “espero mais uns dias?”, “mando tudo para o raio que o parta?” Tenho as perguntas todas estruturadas, a lista de prós e contras, mas teimo em encontrar mais, em pensar em mais possibilidades, em tentar ver as coisas sobre outras perspectivas e depois o que é que acontece??!! Fico hiper-mega-super-ultra-sensível com tudo e todos, apetece-me mandar tudo para o c****** e não durmo… E quando as insónias são deste tipo nem o maior estado de exaustão me faz dormir, só mesmo tratando do assunto, tomando a decisão… mas não me apetece!! E o que é que eu faço para contrariar essa falta de vontade?? Escrevo posts estúpidos, idiotas e sem interesse como este. As minhas desculpas.
5 comentários
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21/06/2010 às 03:35
Elsa
Eu sou uma coruja mesmo. Sempre tive o hábito de adormecer tarde.
Em casa dos meus pais, com a doideira deles, sobretudo da minha mãe, só a partir das 2 da manhã é que havia sossego. Eram as horas em que eu aproveitava para estudar e ler. Sei que eles nunca nos incutiram hábitos de sono saudáveis. Eram demasiado desorientados para se preocuparem com isso.
Aqui, no meu prédio também há gente louca e isto só sossega a partir da meia-noite. Até essa hora há sempre barulho de portas a bater, persianas a correr e impactos diversos nas paredes e chão.
Hoje em dia, não sei se é do hábito, mas a coisa persiste. Só consigo conciliar-me mesmo bem com o sono à tarde, quando ninguém está no prédio (é um sossego fantástico), e à noite depois das 00h.
Há temporadas em que gosto de me deitar cedo e adormeço com relativa facilidade. Também já tenho os meus truques, meditação, ouvir coisas relaxantes no mp3 e sobretudo uma frase que eu uso muito quando começo a deambular mentalmente “ora, mas eu nao tenho de decidir isso agora, pois não? Pois claro que não.” mas a meditação é que é. Relaxa-me e sossega a mente.
Hoje calhou estar aqui a estas horas porque estive a ver o filme na tvi e amanhã trabalho mais tarde. Estou mais à vontade.
De qualquer modo, anda lá,João Pestana. Do your job. 😀
Beijinhos! ***
21/06/2010 às 09:52
Di
Miga, penso que o Reiki te faria muito bem, já que todos nós temos isso em comum, são almas agitadas a tentar descobrir o melhor caminho… e sofremos com quem perdemos momentaneamente. Somos demasiado racionais, daí ser tão complicado relaxar ou mesmo adormecer! bjs. Di.
22/06/2010 às 00:42
Elsa
Confirmo completamente a questão do Reiki 🙂 Tenho o nível um e já não pratico há uns bons tempos (porque a meditação “serve-me” melhor), mas quando praticava era uma delícia.
22/06/2010 às 16:57
Maria
Não peças desculpa por desabafar com quem te escuta…. Se estamos aqui é porque gostamos de ti, das tuas palavras, boas ou más, rebeldes ou carinhosas, mas são tuas!!!! Ninguém é perfeito…todos temos um pouco loucura ( graças a Deus !! ) BJssssssssss
23/06/2010 às 21:05
Ângela Gomes
1- Tisana de camomila e hipericão; 2- Ver e aceitar a vida como ela é; 3-Deixar-me levar pelo vento; 4- Qdo paro p’ra descansar, asseguro-me de que assento os pés em tronco de árvore com raizes bem fortes. Comigo resulta sempre 😉 Bisous